26

January

2022

Existem tratamentos pré FIV para a homogeinização da coorte folicular?

Revisar os esquemas pré-FIV que auxiliam na homogeneização da coorte folicular.

Introdução

Os ciclos de estimulação ovariana com antagonista de GnRH têm vantagens, como duração mais curta, menores doses de gonadotrofinas e menor incidência de síndrome de hiperestimulação ovariana em comparação com os ciclos com agonista do GnRH. No entanto, o aumento fisiológico dos níveis de FSH durante a fase de transição lútea-folicular nesses ciclos pode levar a um desenvolvimento folicular heterogêneo, especialmente em mulheres má respondedoras, conforme definido pelos critérios de Bolonha.

Objetivo

Revisar os esquemas pré-FIV que auxiliam na homogeneização da coorte folicular.

Métodos

Pesquisa de estudos na base Medline por intermédio do Pubmed.

Discussão

A estratégia principal por trás do tratamento pré-FIV é utilizar o mecanismo de feedback negativo no eixo reprodutivo, inibindo a secreção de GnRH e, consequentemente, a resposta da gonadotrofina, para gerar uma coorte folicular mais homogênea. Estudos indicam que o pré-tratamento com estradiol na fase lútea do ciclo anterior ao ciclo de estimulação com antagonista de GnRH pode resultar em um crescimento folicular mais coordenado, aumento do número de oócitos maduros e melhores taxas de gravidez.

Resultados semelhantes foram observados em estudos de Kurtser et al (2021) e Lee et al (2018), destacando maior coordenação no crescimento folicular, aumento de oócitos maduros, menores taxas de cancelamento do ciclo e maiores taxas de gravidez clínica. Ambos os estudos apontam para a necessidade de mais estudos randomizados para validar essas estratégias.

Resumo para leigos:
O método de indução da ovulação com antagonista de GnRH é eficaz, mas pode resultar em desenvolvimento desigual de óvulos, especialmente em mulheres com dificuldade de resposta ao tratamento. Para melhorar a quantidade de óvulos maduros, alguns esquemas pré-FIV, como o uso de pílulas anticoncepcionais e medicação de estrogênio, têm mostrado resultados promissores. Essas abordagens visam sincronizar o desenvolvimento folicular de forma mais eficaz.

Referências bibliográficas

  1. Elassar A, Mann JS, Engmann L et al. Luteal phase estradiol versus luteal phase estradiol and antagonist protocol for controlled ovarian stimulation before in vitro fertilization in poor responders. Fertil Steril. 2011 Jan;95(1):324-6.
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  3. Saple S, Agrawal M, Kawar Precycle Estradiol in Synchronization and Scheduling of Antagonist Cycles. J Obstet Gynaecol India.2016; 66(4): 295–299.
  4. Lee H, Choi HJ , Yang Efficacy of luteal estrogen administration and an early follicular Gonadotropin-releasing hormone antagonist priming protocol in poor responders undergoing in vitro fertilization. Obstet Gynecol Sci. 2018; 61(1):102-110.
  5. Nassar J, Tadros T, Herzo EA et al. Steroid hormone pretreatments in assisted reproductive technology. Fertil Steril. 2016 ;106(7):1608-1614.
  6. Kurtser M, Kamilova DP, Ketiladze TM et al. Priming with estradiol hemihydrate in the luteal phase prior to ovarian stimulation with GnRH antagonists: outcomes of IVF cycles in patients with previous poor response to ovarian stimulation. Gynecological and Reproductive Endocrinology & Metabolism. 2021; 2(1):54-59.
Publicado por
Gustavo Luiz Simões Leite

Publicado por
Jéssica Silva

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