15

July

2021

Quais são os tipos de Síndrome dos Ovários Policísticos?

A síndrome dos ovários policísticos é uma das alterações endócrino-metabólicas mais comuns, afetando entre 8-13% das mulheres em todo o mundo.

Introdução

A síndrome dos ovários policísticos é uma das alterações endócrino-metabólicas mais comuns, afetando entre 8-13% das mulheres em todo o mundo. O termo “síndrome dos ovários policísticos” não reflete totalmente a complexidade deste distúrbio devido ao seu amplo espectro de manifestações clínicas e morbidades associadas. Mulheres com SOP apresentam não apenas anormalidades reprodutivas, mas também distúrbios metabólicos, como intolerância a glicose, diabetes, dislipidemia, hipertensão, esteatose hepática e aumento dos marcadores cardiovasculares. De acordo com a recomendação do National Institute of Health de 2012, que foi reforçada no guideline SOP 2018, a SOP é classificada em 4 fenótipos, sendo o fenótipo A caracterizado por hiperandrogenismo, disfunção ovulatória e ovários com morfologia policística, o fenótipo B caracterizado por hiperandrogenismo e disfunção ovulatória, o fenótipo C caracterizado por hiperandrogenismo e ovários com morfologia policística e o fenótipo D caracterizado por disfunção ovulatória e ovários com morfologia policística. (3). Uma outra abordagem recente para o entendimento dos genótipos da SOP consiste nos estudos de associação genômica ampla (GWAS). Tais estudos tem como objetivo investigar a associação entre lóci genéticos de susceptibilidade a SOP e características clínicas da doença, buscando um melhor entendimento dessa complexa síndrome metabólica.

Objetivo

Identificar os tipos de Síndrome dos ovários policísticos do ponto de vista fenotípico e genotípico.

Métodos

Pesquisa de estudos na base Medline por intermédio do Pubmed.

Resultados

Até o momento, inúmeras tentativas foram feitas para classificar a SOP, sendo que a recomendação do National Institute of Health de 2012, que se trata de uma amplificação dos critérios ESHRE/ASRM 2003 e que traz uma abordagem fenotípica para classificar a SOP, é atualmente a mais aceita. Os fenótipos A e B, conhecidos como SOP clássica, estão mais associados a hiperinsulinemia, maiores níveis de resistência a insulina, síndrome metabólica, maior IMC e a formas mais graves de dislipidemia aterogênica, além de apresentarem um risco aumentado de esteatose hepática e maiores níveis de hormônio anti-mulleriano. O fenótipo C, ou SOP ovulatória, costuma apresentar níveis intermediários de andrógenos séricos, insulina, lipídios aterogênicos, escores de hirsutismo mais leves e menor prevalência de síndrome metabólica em relação aos fenótipos clássicos. Já o fenótipo D, ou SOP não hiperandrogênica, apresenta uma menor prevalência de síndrome metabólica, com menores níveis de LH/FSH, menores níveis de testosterona total e livre, maiores níveis de SHBG e ciclos regulares alternando com irregulares. Em relação aos estudos de associação genômica ampla (GWAS), que buscam a compreensão da genética de doenças complexas como a SOP, podemos citar diversos genes que podem estar envolvidos no desenvolvimento dessa doença. Dentre eles, podemos citar o DENND1A, que se associa a anormalidades intrínsecas das células da teca promovendo o aumento da biossíntese de androgênios, o THADA, que foi descrito nos estudos GWAS associando-se a presença de diabetes tipo 2, o INSR que está associado a resistência a insulina conforme indica os estudos GWAS, entre outros. Vários outros genes estão sendo cada vez mais estudados para uma melhor compreensão da patogênese da SOP.

Referências Bibliográficas:

  1. Crespo RP, Bachega TA, Mendonça BB et al. An update of genetic basis of PCOS pathogenesis. Arch. Endocrinol. Metab. 2018; 62 (3): 352-361.
  2. Tian Y, Li J, Su S et al. PCOS-GWAS Susceptibility Variants in THADA, INSR, TOX3, and DENND1A are associated with metabolic syndrome or insulin resistance in women with PCOS. Front Endocrinol (Lausanne). 2020; 11: 274.
  3. Sachdeva G, Gainder S, Suri V et al. Comparison of the different PCOS phenotypes based on clinical metabolic, and hormonal profile, and their response to clomiphene. Indian Journal of endocrinology and metabolism. 2019; 23 (3): 326-331.
  4. Wiweko B, Indra I, Susanto C et al. The correlation between serum AMH and HOMA-IR among PCOS phenotypes. BMC Res Notes. 2018; 11:114.
  5. Lisneva D, Suturina L, Walker W et al. Criteria, prevalence, and phenotypes of polycystic ovary syndrome. Fertil Steril. 2016; 106 (1): 6-15.
  6. Hong S, Hong J, Jeong K et al. Relationship between the characteristic traits of polycystic ovary syndrome and susceptibility genes. Scientific reports. 2020; 10:10479.
  7. Shaaban Z, Khoradmehr A, Yekta A et al. Pathophysiologic mechanisms of obesity- and chronic inflammation-related genes in etiology of polycystic ovary syndrome. Iran J Basic Med Sci. 2019; 22 (12): 1378-1386.

Resumo para leigo

Tipos de Síndrome dos ovários policísticos

A síndrome dos ovários policísticos é uma das alterações hormonais mais comuns, afetando entre 8-13% das mulheres em todo o mundo. A síndrome dos ovários policísticos é uma doença que afeta muito além dos ovários. As mulheres com SOP também podem apresentar alterações do açúcar e das gorduras do sangue, pressão alta, gordura no fígado e maior risco de doenças do coração e do cérebro. Existem quatro tipos de SOP, classificadas de A a D. O tipo A e B se associam a alterações mais graves, sendo mais observadas em mulheres acima do peso. O tipo C é uma forma intermediária e o tipo D é a forma em que as alterações se mostram de forma mais branda. Além desses tipos citados, vários estudos em genes estão sendo desenvolvidos para que possamos entender melhor essa doença tão complexa.

  1. Critérios, prevalência e fenótipos da síndrome dos ovários policísticos
  2. Comparação dos diferentes fenótipos de SOP com base no perfil metabólico clínico e hormonal e sua resposta ao clomifeno
  3. Guideline SOP
Publicado por
Gustavo Luiz Simões Leite

Publicado por
Jéssica Silva

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